A Solidão é uma das maiores epidemias do nosso século. Se por um lado nunca foi tão fácil nos deslocarmos, ou contactarmos com pessoas em qualquer parte do mundo, também nunca antes nos sentimos tão sozinhos.
O sentimento de solidão é uma resposta emocional complexa e geralmente desagradável que inclui percepções de falta de conexão ou comunicação com outras pessoas. E não precisamos de viver completamente isolados dos outros, para nos sentirmos sós. Passar o dia rodeados de outras pessoas, não significa que nos estejamos efetivamente a relacionar com elas.
Entenda melhor como funciona a solidão, e como é que pode quebrar o ciclo.
Porque é que me sinto tão sozinho?
Existem várias causas possíveis para que se sinta sozinho. Regra geral, este sentimento é provocado por um conjunto de fatores sociais, emocionais ou físicos.
Podemos sentir-nos sozinhos por traumas mal resolvidos da infância, que provocaram alterações na nossa autoimagem, e na nossa capacidade de nos aproximarmos dos outros. Por exemplo, se os nossos pais eram cuidadores pouco presentes, e que raramente nos davam atenção, é natural projetarmos esse sentimento nas pessoas que nos rodeiam ao longo da vida.
A perda de pessoas significativas na nossa vida, também pode estar na origem de sentimentos de solidão. Vivenciar o luto e procurar ajuda para ultrapassar a situação é fundamental para que possa voltar a deixar outras pessoas entrarem.
Para além disso, no nosso quotidiano ocupado, muitas vezes deixamos de ter tempo para socializar de forma real com pessoas de quem gostamos. A falta de tempo faz com que muitas vezes deixemos de lado convívios com amigos, a participação em eventos familiares ou hobbies que nos permitem socializar com outras pessoas.
Combater esse sentimento de solidão implica dar o primeiro passo face à cura das emoções que estão por trás, e de iniciativa nossa para nos aproximarmos dos outros.
O Impacto da Solidão
Para além de ter um peso considerável no nosso humor e estado emocional, a solidão pode ter impacto direto na nossa saúde.
A solidão crónica e a perceção de isolamento podem ter um efeito dramático no bem-estar de um indivíduo de qualquer idade. O ser humano é um animal social, e estamos isolados é contrário aos nossos comportamentos de socialização naturais. Precisamos dos outros para sobreviver, e para nos sentirmos um segurança.
Com a ausência da socialização, o nosso cérebro começa a deteriorar-se, o que afeta a nossa saúde mental, comportamentos, e até o nosso corpo. Quando a situação é prolongada, o stress provocado pela solidão podem mesmo alterar a estrutura do nosso cérebro.
De acordo com as investigações feitas por John Cacioppo, a solidão pode ainda provocar:
- Diminuição das nossas funções executivas,
- Redução da capacidade de decisão,
- Aumento da probabilidade de desenvolver depressão,
- Aumento de pensamentos autodestrutivos,
- Criação de processos negativos de pensamento,
- Acelerar o declínio cognitivo (especialmente em idosos).
O investigado Steven Cole, ainda acrescenta que a solidão é vista pelo nosso cérebro como uma ameaça. A falta de conexão com os outros desencadeia respostas de stress que ativam processos inflamatórios e suprimem as respostas do nosso sistema imunitário. Para além disso, também pode aumentar o risco de enfartes do miocárdio e AVCs na mesma proporção que a obesidade ou o consumo de tabaco.
Como combater a solidão?
Como dito anteriormente, combater a solidão só depende de si. É preciso entender que algo não está bem, adotar uma atitude positiva e criar hábitos que o façam conviver com outras pessoas.
Para além de entrar em contacto, e tentar combinar encontros com as pessoas que já conhece, pode também procurar pessoas novas, por exemplo através de um hobbie, inscrever-se num curso, ou juntar-se a grupos onde haja conversas.
Experimente algumas das dicas que partilhamos em baixo:
1. Aceitar que precisa de tomar uma atitude
Combater a solidão implica uma mudança da nossa parte. Um bom primeiro passo pode ser escrever uma lista dos motivos que o fizeram chegar a esta situação. Porque é que se sente só?
Será que é uma pessoa tímida, com dificuldades em fazer amigos? Será que está demasiado preso na rotina, e deixou de reservar tempo para conviver?
Comece por entender como é que chegou até aqui, e o que é que precisa de mudar.
2. Não fique preso no passado
Vários fatores podem ter contribuído para a sua situação atual, mas ficar preso a essas vivências, ou em sentimentos de culpa, não é benéfico para ninguém. Assuma uma nova postura e permita-se a viver coisas novas.
3. Pense positivo
Os pensamentos negativos impedem-nos de viver situações positivas, por estar sempre a pensar no que pode correr mal. Entenda que é uma pessoa bonita, cheia de potencial e qualidades que podem ser apreciadas por outros. Não esteja sempre à espera da rejeição, porque ela não vai acontecer.
Aproveite para trabalhar a sua autoestima, e ganhar mais confiança em si mesmo.
4. Não isole
É natural que, quando algo não está bem, sinta uma enorme vontade de se isolar (mesmo que não se aperceba). Contrarie essa tendência, fale com as pessoas e combine atividades em conjunto.
5. Encontre um hobbie
Descobrir um novo hobbie é a melhor forma de conhecer pessoas novas. Pense em que atividades é que tem interesse, e inscreva-se num clube. Pode juntar-se a uma equipa desportiva, juntar-se a um clube de leitura, fazer voluntariado, inscrever-se num curso e muito mais.
Além disso, existem atividades que ajudam a ter mais auto-conhecimento, ou aumentar o seu bem-estar, enquanto socializa com outras pessoas – como inscrever-se em aulas de yoga.
6. Procure a ajuda de um profissional
Por muito que possa fazer sozinho, existem algumas situações em que é preciso reparar o passado, para conseguir avançar com a sua vida. As consultas de psicologia ou hipnose clinica podem ajudar a superar os sentimentos negativos, bem como dar-lhe ferramentas para viver uma vida mais completa e feliz.