Porque é que não consegue estar numa relação amorosa?

Todos nós precisamos de amor na nossa vida. Contudo alguns de nós têm uma grande dificuldade em se permitir amar e ser amados.

O ser humano tem uma série de necessidades. Enquanto o nosso bem-estar físico depende de uma alimentação correta ou de um sono reparador, o nosso bem-estar emocional depende do afeto. Somos seres sociais e por isso temos também necessidades que se prendem com as nossas relações com os outros, como a necessidade de pertencer a um grupo ou nos sentirmos amados.

Mas porque é que será que não consegue permitir que o amem ou não se consegue deixar amar pelos outros? É sobre isso que vamos falar.

Sinais de que não se sente amado.

Diversas causas podem estar por trás da dificuldade de se sentir amado pelos outros. E este é um padrão que inicia na primeira infância, através das relações que estabelecemos, e o tipo de vinculação que temos, com os nossos pais, e que se repete ao longo da nossa vida adulta.

Na verdade, esta sensação é indiferente da pessoa com quem estamos. Mesmo em relações felizes continuamos a sentir que algo não está bem. E este sentimento é transversal a todas as nossas relações.

Mas quais são os principais sinais de que tem dificuldade em amar ou ser amado?

Regra geral, quando alguém sente que ninguém o ama esse “ninguém” começa pela própria pessoa. Por isso, muitas das vezes a causa destas dificuldades nas relações está na baixa autoestima. Se eu não me amo a mim próprio, como é que eu posso acreditar que outras pessoas poderão gostar da pessoa que eu sou?

Então, o caminho para entender de onde vem a sua dificuldade em se sentir amado começa com entender o porquê dessa imagem tão negativa que tem sobre si próprio.

A vida é feita de desafios e apesar de todos nós temos histórias de vida diferentes, toda a gente já passou em algum momento por uma situação traumática. Então é importante refletirmos sobre as relações que foram estabelecidas ao longo da nossa vida, para conseguirmos identificar onde começou este padrão de comportamento.

É sabido que os pais têm um papel fundamental na forma como descobrimos o mundo, formamos a nossa personalidade e entendemos como nos comportar nas relações com os outros.

Mas a verdade é que os nossos pais também são pessoas, e também eles passaram pelos os seus próprios problemas, dificuldades e processos de aprendizagem. E por isso é frequente encontrarmos pessoas que tiveram pais ausentes, violentos ou experienciaram situações de abandono.

A nossa voz interior, e a imagem que temos de nós próprios é geralmente um reflexo da forma como nos sentimos, ou não acolhidos pelos nossos pais quando éramos pequenos.

Então, se eu aprendi quando era pequeno que os adultos à minha volta se podiam ir embora, não tinham tempo para mim, ou ainda até me faziam sentir como se houvesse algo de errado comigo, é natural que eu não tenha pensamentos muito positivos acerca da pessoa que eu sou.

Em adulto, eu vou ter dificuldade em confiar nos outros ou até em deixá-los entrar na minha vida, porque tenho medo que um dia eles possam ir embora. Ou posso até acreditar que ninguém pode gostar de mim porque eu sou cheio de defeitos e por isso não sou merecedor desse amor.

A influência da relação com os pais, nas relações amorosas

Se refletirmos um pouco nas nossas relações de adultos, e nunca tivermos feito terapia para nos libertarmos dos traumas do passado, conseguimos perceber que geralmente atraímos relações semelhantes àquelas que já conhecemos.

Se tem uma tendência para escolher parceiros controladores, ser uma pessoa ciumenta ou até constantemente dar por si em relações complicadas ou abusivas, saiba que não é algo que está errado consigo em particular. Mas é sem dúvida um sinal de que está a repetir padrões distorcidos sobre o amor que aprendeu na infância.

A relação que tivemos com os nossos pais está presente na nossa vida mesmo sem nos apercebermos. Por exemplo, se a nossa relação com os nossos pais tiver sido dominada por altos e baixos, podemos ter uma tendência para escolher parceiros que sejam muito diferentes de nós.

Por outro lado, se tivermos assistido a constantes infidelidades ou até mesmo abusos durante a infância podemos tornar-nos adultos muito ciumentos e inseguros.

Mas isto não significa que nunca irá escolher um parceiro sem ser condicionado pela relação que teve com os seus pais. Uma viagem ao passado, através de um processo de terapia, irá ajudá-lo a identificar os motivos por detrás desta dificuldade de amar, ou ser amado, de recuperar a sua autoestima, e resolver as suas inseguranças.

Estratégias para que aprenda a deixar o amor entrar

Construir relações de afeto com as pessoas que nos rodeiam faz parte da condição de sermos humanos. Ninguém merece viver num estado de privação afetiva. Você é uma pessoa incrível, cheia de qualidades e por isso mesmo merece ser amado.

Como amar os outros começa por nos amarmos a nós, então hoje vou partilhar consigo algumas dicas para que possa começar a trabalhar o amor por si próprio ou seja a sua autoestima:

Não se compare com os outros!

Especialmente quando tivemos relações inseguras com os nossos pais, é natural que passemos a vida adulta a compararmos com os outros para termos a certeza de que estamos num bom caminho. Contudo, cada um de nós é um ser diferente e por isso as nossas vidas não são comparáveis. Entenda que pode viver a sua vida da sua forma e não precisa de obedecer a padrões da sociedade ou as expectativas dos outros.