As emoções são fundamentais para a nossa vida. Não existe um único ser humano que não as sinta, e são elas que nos transmitem informações importantes para a nossa sobrevivência.
Contudo, apesar de todas as emoções serem importantes, a verdade é que elas nem sempre se adequam à situação que está a ser vivida, tanto que nem conseguimos entender o porquê de nos sentirmos de determinada forma.
Venha entender de que forma é que funcionam as emoções, e como é que gerir, de forma adequada, o que sente.
Que emoções existem?
As nossas emoções transmitem-nos informações importantíssimas sobre o mundo que nos rodeia. Elas informam-nos quando algo nos faz bem, ou quando uma situação é perigosa ou tóxica.
A origem, e o significado, das emoções anda de mãos dadas com a história da nossa espécie. O cérebro humano existe há mais de 2 milhões de anos, e durante a maior parte deste tempo existiam várias ameaças à nossa sobrevivência. Então, ele foi programado para nos proteger de predadores, infeções, temperaturas extremas, escassez de alimentos, entre outros.
Por exemplo, quem é que acha que tinha mais hipóteses de sobreviver: aquele ser humano que se sentia ansioso e preocupado em procurar alimento, e fugir de barulhos na floresta, OU aquele que ficava o dia inteiro deitado a apanhar banhos de sol?
Neste caso, a ansiedade foi o que permitiu com que aquela pessoa sobrevivesse. Foram as emoções, que sentimos até hoje, que nos permitiram chegar até aqui.
Neste momento, classificamos as emoções de duas formas: emoções primárias ou secundárias.
As emoções primárias ou universais são:
- Alegria,
- Medo,
- Tristeza,
- Surpresa,
- Nojo,
- Raiva.
As emoções secundárias são:
- Vergonha,
- Inveja,
- Ciúme,
- Orgulho,
- Culpa
- Entre outras.
Claro que existem muitas mais emoções, e somos capazes de experienciar muitos estados emocionais diferentes, mas estas emoções servem de base para outras emoções mais complexas.
Que papel tem cada emoção na nossa vida?
As emoções essenciais para a nossa vida, pois elas:
- Revelam as nossas necessidades;
- São capazes de nos aproximar das pessoas;
- Geram comportamentos e decisões;
- São responsáveis por mudanças em nossa vida;
- E nos tiram de situações perigosas.
São como um termômetro por assim dizer, indicando o grau do nosso bem estar.
As emoções também são capazes de provocar várias alterações fisiológicas em nosso corpo, como:
- Aumentar os batimentos cardíacos,
- Suor;
- Respiração ofegante;
- Tremores;
- Enrubescer ou empalidar o rosto;
- Aumentar a pressão sanguínea;
- Fazer-nos chorar
- E assim por diante.
Daniel Goleman, autor do best seller “Inteligência Emocional” (2007) defende que cada emoção desempenha uma função específica, preparando o corpo para diferentes tipos de resposta.
De acordo com o autor, a Raiva serve para nos impulsionar a agir, o medo a facilitar a fuga e a felicidade para nos dar o entusiasmo necessário para executar determinada tarefa. Observe o papel desempenhados por cada uma das emoções primárias:
Alegria: Promove a satisfação pelo convívio com o outro, e impele-nos a socializar com outros humanos. É ela que nos faz criar laços sociais e alimentar a nossa necessidade de pertencer a um grupo.
Tristeza: Quando estamos tristes, tendemos a nos isolar das pessoas e focar nossa atenção e energia em nossos próprios pensamentos, essencial para a reformulação de pensamentos e mudanças de comportamentos.
Porém, quando a tristeza dura além do que o tempo necessário ou é muito intensa, ela acaba por interferir com o prazer pela vida e impede-nos de avançar.
Raiva: Permite-nos, quando nos sentimos ofendidos ou injustiçados, agirmos a agir em prol dos nossos direitos e necessidades. É também importante para nos protegermos de ameaças, e defendermos a nossa sobrevivência, e a do nosso grupo.
Medo: O papel do medo é a preservação da vida e avaliação do prejuízo e risco da situação.
Nojo: se comermos um alimento estragado, provavelmente vamos ficar doentes. Portanto, o nojo preserva a saúde do organismo.
Como gerir melhor as emoções?
Embora as emoções sejam fundamentais para a nossa sobrevivência, por vezes, algumas experiências traumáticas, ressentimentos acumulados e outras vivências que nos marcam, podem fazer com que desencadeiam respostas emocionais desadequadas à situação. Isto, a longo prazo, pode gerar sofrimento, desconforto e dificuldades nas nossas relações com os outros.
Aprender a reconhecer as nossas emoções e a regulação emocional, é fundamental para conseguirmos gerir o que sentimos, e termos respostas emocionais adequadas.
Mas o que é isto da regulação emocional?
Conseguirmos reconhecer e regular as nossas emoções, passa por dois componentes importantes: a regulação da experiência emocional, e por outro a expressão emocional. Isto porque, sentir uma determinada emoção não significa que a expressemos, e existem diferentes formas de expressar cada uma das nossas emoções.
Aprender a regular a nossa experiência emocional permite-nos identificar e compreender as nossas emoções, de forma a lhes conseguirmos dar um significado coerente.Permite-nos entender o porquê de nos sentirmos de determinada forma, e entender se o que sentimos é resultado da situação atual, ou uma expressão de algo mal resolvido no nosso passado.
Já a regulação da nossa expressão emocional, permite-nos controlar a forma como expressamos o que estamos a sentir. Se por um lado, nem todos os momentos são apropriados para expressarmos uma determinada emoção, controlar excessivamente o que sentimos impossibilita-nos de irmos ao encontro das nossas necessidades. Ela vai também permitir-nos desenvolver respostas adequadas às diferentes emoções, e deixarmos de “explodir”, mesmo por situações aparentemente insignificantes.
Para que possa compreender melhor o impacto que a regulação emocional tem nos nossos comportamentos, olhemos agora para respostas emocionais pouco adequadas:
Por exemplo, se a minha forma de me expressar quando sinto vergonha, for ficar zangado, em cada situação em que eu prevejo (ainda que erradamente) que posso estar/vir a ser humilhado, ou desacreditado, começo a ficar enraivecido e zangado. Os outros, sentindo-se injustiçados (porque até nem tinham intenção de nos envergonhar), podem começar a atacar-me de volta, ou decidir deixar de se relacionar comigo.
Esta resposta emocional inadequada, não só dificulta a minha relação com os outros, através da criação de mal entendidos, como também dificulta que eu entenda o porquê de me sentir de determinada forma, e agir sobre a origem do problema.
Desenvolver ferramentas internas de regulação emocional é fundamental para que possamos compreender-nos, entender os outros e nos relacionarmos de forma saudável. Contudo, este trabalho não é fácil de se fazer sozinho, e ter um espaço seguro para vivenciar as suas emoções mais dolorosas é fundamental para que o processo possa chegar a bom porto.
Procure a ajuda de um psicólogo e volte a ser feliz.