A doença bipolar é uma das patologias do foro psicológico mais faladas, mas será que realmente sabe tudo sobre ela?
Conheça melhor a bipolaridade, bem como o impacto que esta tem na vida dos pacientes.
O que é a Bipolaridade?
A doença Bipolar, também conhecida como Doença Maníaco-Depressiva, é uma doença psiquiátrica caracterizada pela alternância entre estados depressivos e estados de “mania”.
Estes períodos, também chamados de “crises” vão alternando entre si, de forma variada, e afetam o estado de humor do paciente de forma leve, moderada ou grave. As viradas de humor da pessoa bipolar, afetam tanto o seu humor como o seu comportamento, as suas relações com os outros e até a sua capacidade para realizar as tarefas do dia a dia.
Cada uma destas crises têm os seus sintomas específicos, caracterizando-se geralmente por:
- Mania: Estado caracterizado por estado de humor elevado e expansivo, eufórico ou irritável,
- Depressão: Estado caracterizado por tristeza, apatia e inquietação.
Cada crise pode durar entre alguns dias, ou até meses, dependendo da gravidade dos sintomas, podendo ainda existir crises mistas.
Embora ainda não nos seja possível conhecer as causas por detrás do aparecimento da doença bipolar, são considerados os seguintes fatores de risco:
- Fatores genéticos e biológicos,
- Exposição continuada a situações de stress,
- Abuso de substâncias prejudiciais à saúde do cérebro.
Regra geral a doença manifesta-se no início da vida adulta.
Quais são os principais sintomas da bipolaridade?
Todos nós sentimos variações de humor ao longo do tempo, o que faz com que muitas vezes os primeiros sinais de bipolaridade sejam ignorados. Contudo, é importante estar alerta, e consultar um especialista para tirar dúvidas, caso verifique alguns dos seguintes sintomas:
- Variações de humor súbitas
- Variações repentinas de autoestima
- Longos períodos de energia e bom humor (hipomania)
- Incapacidade de terminar tarefas
- Irritabilidade extrema
- Desinibição incaracterística
- Alterações no apetite
- Alterações no sono
- Delírios
- Discurso demasiado rápido, falando por cima das outras pessoas
- Perda de interesse pelas atividades do dia a dia
- Retração social
Em alguns casos, estes sintomas são mais característicos em alturas específicas do ano, tornando-se mais fácil de prever as futuras crises.
Como reconhecer uma crise?
Embora sejam muito distintas, pode ser difícil acreditar que ambas estas crises sejam características da mesma doença. De qualquer forma, vamos partilhar consigo sintomas específicos de cada uma das fases da doença bipolar.
Crise maníaca
As crises de mania são caracterizadas por um estado de humor expansivo, eufórico ou altamente irritável. A pessoa começa por se sentir mais alegre, sociável, activa, faladora, auto-confiante, inteligente e criativa. Com o agravamento dos sintomas, e a aceleração dos pensamentos, poderá começar a manifestar:
- Irritabilidade extrema; a pessoa torna-se exigente e zanga-se quando os outros não acatam os seus desejos e vontades;
- Alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, os pensamentos aceleram-se, a fala é muito rápida, com mudanças frequentes de assunto;
- Reacção excessiva a estímulos, interpretação errada de acontecimentos, irritação com pequenas coisas, levando a mal comentários banais;
- Aumento de interesse em diversas atividades, despesas excessivas, dívidas e ofertas exageradas;
- Grandiosidade, aumento do amor próprio. A pessoa, pode sentir-se melhor e mais poderosa do que toda gente;
- Energia excessiva, possibilitando uma hiperactividade ininterrupta;
- Diminuição da necessidade de dormir;
- Aumento da vontade sexual, comportamento desinibido com escolhas inadequadas;
- Incapacidade em reconhecer a doença, tendência a recusar o tratamento e a culpar os outros pelo que corre mal;
- Perda da noção da realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes»;
- Abuso de álcool e de substâncias.
Crise Depressiva
Ao contrário da crise maníaca, estas crises são caracterizadas por um estado de humor de tristeza e desespero.
Em função da gravidade da depressão, podem sentir-se alguns ou muitos dos seguintes sintomas:
- Preocupação com fracassos ou incapacidades e perda da auto-estima. Pode ficar-se obcecado com pensamentos negativos, sem conseguir afastá-los;
- Sentimentos de inutilidade, desespero e culpa excessiva;
- Pensamento lento, esquecimentos, dificuldade de concentração e em tomar decisões;
- Perda de interesse pelo trabalho, pelos hobbies e pelas pessoas, incluindo os familiares e amigos;
- Preocupação excessiva com queixas físicas, como por exemplo a obstipação;
- Agitação, inquietação, sem conseguir estar sossegado ou perda de energia, cansaço, inacção total;
- Alterações do apetite e do peso;
- Alterações do sono: insónia ou sono a mais;
- Diminuição do desejo sexual;
- Choro fácil ou vontade de chorar sem ser capaz;
- Ideias de morte e de suicídio; tentativas de suicídio;
- Uso excessivo de bebidas alcoólicas ou de outras substâncias;
- Perda da noção de realidade, ideias estranhas (delírios) e «vozes» com conteúdo negativo e depreciativo.
Uma pessoa com bipolaridade pode ter uma vida normal?
Infelizmente, ainda não existe na opinião pública uma noção muito clara do que é a doença bipolar, o que faz com que o paciente se possa sentir discriminado. Contudo, o diagnóstico da doença bipolar não é o fim do mundo!
Ao adotar um estilo de vida mais saudável, com menos stress, e implementando algumas rotinas que permitem ao doente ter alguma estabilidade e espaço para se restabelecer, a pessoa com doença bipolar pode fazer uma vida normal e feliz, como todos os outros.
Mas, para isso é fundamental que o doente consiga reconhecer a doença, aceite as terapias (como psicoterapia e psicofármacos) e que desenvolva estratégias para se regular.
Possíveis tratamentos
Embora seja uma doença crónica (o que significa que não tem cura) ela pode ser tratada e controlada.
Se suspeita sofrer desta doença, ou conhece alguém que apresenta vários dos sintomas falados, é fundamental que consulte o seu médico psiquiatra, em primeiro lugar. Consoante as suas necessidades, serão receitados os medicamentos mais adequados, como antidepressivos, antipsicóticos ou estabilizadores do humor.
Deverá depois traçar um plano de tratamento a longo prazo, que envolva psicoterapia, para que possa aprender a identificar as suas crises, curar dores e traumas do passado, bem como criar recursos internos para viver com a doença.