A Hipnose na Medicina Dentária

Sabe como funciona a hipnose na Medicina Dentária?

Pela minha experiência profissional, grande parte das pessoas que necessitam de uma avaliação dentária protela ao máximo a ida ao dentista e tem saúde dentária pior que as pessoas menos nervosas

Existem alguns estudos que afirmam que um cada três pessoas, têm muito medo dos procedimentos de rotina relacionados com o tratamento dentário.

As pessoas não podendo mais adiar a ida ao dentista e necessitando dessa assistência, chegam ao consultório manifestando reacções autónomas e emocionais de ansiedade.

O paciente com “medo do Dentista”

Torna o tratamento dentário mais difícil, porque não é fácil trabalhar quando o paciente se move, se retorce ou afasta. Isto contribui para que o dentista também fique ansioso e irritado o que só agrava a situação.

A utilização da hipnose pelo dentista pode beneficiar muito os pacientes.

Tranquilizando os e eliminado fobias relacionadas com o trabalho dentário, assim como facilitando os procedimentos dentários, reduzindo ou eliminando o uso de anestésicos nas anestesias locais e bloqueios regionais, favorecendo o uso de próteses e aparelhos ortodônticos, acelerando a recuperação dos pacientes cirúrgicos e na orientação para adequada higienização bucal.

Também é possível, através da hipnose, acabar com alguns hábitos para uma melhor saúde oral, tais como: tabaco, alimentação, bruxismo, e alguns hábitos da criança como chupar o dedo.

Existem alguns mitos relacionados com a hipnose,

que poderão ser facilmente justificados com o desconhecimento do tema em si, bem como pela, por vezes negligência na aplicação dos processos por parte de “terapeutas” mal formados, sem preparação específica para a prática de consultório.

Mito da perda de consciência  – Algumas pessoas acreditam que estar num estado hipnótico é sinónimo de estar inconsciente, o que não é de todo verdadeiro. Durante o transe hipnótico o sujeito encontra-se consciente, e será essa mesma consciência que irá permitir o processo de cura.

Mito de contar todos os seus segredos  – A integridade do individuo é sempre protegida pela sua mente, uma vez que mesmo em estados de transe profundo esta é capaz de conservar um estado de vigilância.

Mito de não acordar do transe  – Caso se verifique a ausência de resposta à sugestão para voltar do transe não há qualquer problema, basta deixar o paciente por mais algum tempo e o transe hipnótico irá transformar-se em sono fisiológico, acabando este por acordar.

Mito de ser influenciado pelo hipnoterapeuta – O hipnoterapeuta é um facilitador dos processos terapêuticos, auxiliando e guiando as intervenções no sentido de favorecer as mudanças que o paciente quer na sua vida. Para além da ética e deontologia pela qual se regem os profissionais de hipnose, e que protege sempre o paciente, este tem sempre o controlo durante a sessão, nunca perdendo a consciência.

Mito da dependência  – Um hipnoterapeuta competente promove sempre a inclusão nas suas sessões de sugestões pós hipnóticas que assentam na autonomia e liberdade. Contribui ainda de forma ativa para que o paciente aprenda ferramentas que lhe permitam trabalhar-se a si próprio após as sessões de forma autónoma.

Outro ponto muito importante para qualquer procedimento médico dentário em que a hipnose é utilizada, são os sinais ideomotores que o paciente pode fazer para parar o tratamento imediatamente ou tirar dúvidas. Uma vez que assim o paciente sente controlo sobre todo o processo. Uma vez que este medo de perder o controlo é geralmente o ponto mais importante da ansiedade e da fobia do dentista.

Assim, a hipnose pode ser proposta a qualquer paciente que a aceite como coadjuvante do seu tratamento para um relaxamento durante os procedimentos técnicos e não só para aqueles pacientes que tenham um histórico de receios, medos ou fobias específicas.

Podemos assim ter várias áreas em odontologia na qual a hipnose tem um papel relevante:

  • Através de condicionamentos levar o paciente a aceitar os tratamentos, adaptar-se às próteses, aos aparelhos ortodônticos, facilitar os hábitos higiénicos e facilitar a eliminação de adições.
  • Remoção de fobias
  • Relaxamento geral
  • Relaxamento específico (da língua ou de outra musculatura luxação das articulações temporo-mandibulares, da abertura de boca sem cansaço, do bruxismo e obtenção de relações maxilo-mandibulares
  • Catalepsia mandibular
  • Analgesia
  • Anestesia superficial e profunda
  • Sialostasia
  • Hemostasia
  • Eliminação de reflexos (para rx intraorais, moldagens, sensibilidade lingual e vómito)
  • Pré e trans-operatório (reforçar ou substituir medicação pré-operatória e reduzir o uso de anestésicos)
  • Sugestões pós-hipnóticas como distorção do tempo, representação gustativa, amnésia, prolongamento da anestesia, analgesia, recuperação pós cirúrgica e potencialização ou redução da eficácia medicamentosa.

Por Dra. Eufémia Seabra